sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vazio, molde, massa, corpo inerte.


Os formatos dos vazios que dividem espaço com tudo que mora em mim são metamórficos e violentos. Um corpo bomba que dá vida a meus mais esquistios imaginários, meus mais concretos desejos e minhas mais apelativas metáforas. Será que isso vale?

Na verdade não sei se este vazio é morto. As vezes ele parece tão presente e imperativo que me indica vida própria. É. Talvez meus vazios sejam vivos e dividam comigo a dominância dessa casa que sou eu.

Vazio não combina com unidade. Pelo menos aqui em mim não. O vazio é fugidio, escorregadio, metamórfico, camaleão e espaçoso. Combina mais com buraco. Talvez buracos, pedaços, passagem. Isso, passagem.

Dar uma vida material aos meus vazios (e uma massa de 5 kilos é uma vida material considerável) é um ótimo pretexto. ricardo, por favor se concentre nisso: é um pretexto para uma experiência, não um texto metafórico (três asteríscos aqui).

Espalhar, fazer um grande buraco, pegar com cuidado o que vai se despedaçar de qualquer jeito (meu vazio não é mesmo um todo coerente), recolher os pedaços, seja amável e seja violento, dê um abraço e um amasso, pendure a massa sem que as pessoas vejam ela (lembro, mais uma vez da vera mantero e seu pé de cabra), molde mesmo aquele seu terror, enfrenta ele! Comê-la e cagá-la. Um manto que cobre a distância entre meus pés e os meus olhos. Ofereça a parte do corpo que você não tem, proteja-se com seu vazio de sua própria vontade de se morder. Pedaço, cegueira, bebê, cocô. Tudo escorrendo do sexo.

(Anotações esparças do meu caderninho amarelo, CED, 15.05, Ricardo.)

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